Insuficiência adrenal

É uma condição clínica resultante da produção deficiente do hormônio cortisol pelo córtex das glândulas adrenais, localizadas logo acima dos rins. O cortisol desempenha várias funções importantes no organismo, interferindo no metabolismo, pressão arterial e processos inflamatórios. Sendo essencial para vida, uma vez que dentre suas muitas ações, o cortisol mantém os níveis de açúcar adequados nos períodos de jejum, auxilia na função imunológica, além de ser considerado o hormônio do estresse, pois prepara nosso organismo para resposta a eventos de grande necessidade de energia e resposta do organismo.

A Insuficiência adrenal (IA) pode ser classificada em primária ou secundária: Quando se chama de IA primária o defeito é originário da própria glândula adrenal e IA secundária quando ocorre deficiência na produção do hormônio que estimula a produção adrenal, que é o ACTH ou hormônio adenocorticotrófico.

Em 70% das pessoas com a doença de Addison ou IA primária, a causa não é conhecida, mas suspeita-se que as glândulas adrenais possam ter sido afetadas por uma reação autoimune, na qual o sistema imunológico do corpo ataca e destrói o córtex adrenal. Nos outros 30%, as glândulas adrenais são destruídas pelo câncer, por uma infecção, como a tuberculose, ou outra doença identificável.

Na IA secundária as causas que levam a hipófise não produzir ACTH devido podem ser devido a um tumor, infecção ou lesão. Além disso, tomar corticosteroides por mais de algumas semanas impede que a hipófise produza uma quantidade suficiente de ACTH, de modo que as glândulas adrenais não são adequadamente estimuladas. Esta sendo a causa mais comum de IA.

O quadro clínico da Insuficiência Adrenal pode ser agudo e grave, precipitado por um agente estressor (cirurgia, infecção, trauma) e cursar com dor abdominal (“falso” abdome agudo), hipoglicemia inexplicada, febre baixa e inexplicada (febre alta em associação com infecção), hiponatremia, hipercalemia, azotemia, hipercalcemia ou eosinofilia. Ou pode não ser muito exuberante, manifestar-se de forma crônica (progressiva) e está associado a sintomas relativos à falta de glicocorticoide (cansaço fácil, perda de peso e hipoglicemia), mineralocorticoide (hipotensão e presença de valores plasmáticos baixos de sódio e consequentemente uma avidez por alimentos salgados) ou de ambos e ainda pode apresentar sintomas específicos da etiologia envolvida. Por ser variável, a inespecificidade do quadro pode dificultar o diagnóstico precoce. Pode-se ainda apresentar sintomas de diminuição dos andrógenos adrenais como diminuição do interesse sexual e da pilificação corporal, sendo estes mais encontrados em mulheres.

Diante da suspeita clínica de insuficiência adrenal crônica, são coletadas amostras de sangue para dosagens hormonais, sobretudo do cortisol basal da manhã e eletrólitos (em particular sódio e potássio). Algumas vezes os exames iniciais não permitem confirmar ou mesmo excluir o diagnóstico de insuficiência adrenal crônica, sendo necessária a realização de testes hormonais sob estímulo (testes funcionais).

O tratamento consiste na reposição dos hormônios que estiverem em falta (glico e/ou mineralocorticóides), continuadamente. É fundamental a orientação ao paciente da necessidade de se aumentar as doses do corticóide em presença de situações de stress.

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