Devido ao aumento da produção de hormônios tireoidianos, a maior excreção renal de iodo e a passagem de iodo para o feto, as necessidade de iodo são mais altas na gravidez. As mulheres com ingestão adequada de iodo antes e durante a gravidez têm estoques adequados de iodo intratireoidiano e não têm dificuldade em se adaptar ao aumento da demanda pelo hormônio tireoidiano durante a gestação. Nestas mulheres, os níveis de iodo no corpo total permanecem estáveis durante a gravidez. No entanto, em áreas com deficiência de iodo leve a moderada, as reservas deste declinam gradualmente do primeiro para o terceiro trimestre da gravidez.
O iodo, necessário para a nutrição infantil, é secretado no leite materno. Portanto, as mulheres que amamentam também aumentaram as necessidades de iodo na dieta.
Grave deficiência de iodo em mulheres grávidas tem sido associada com aumento das taxas de perdas gestacionais, natimorto e aumento da mortalidade perinatal e infantil.
Os níveis normais do hormônio tireoidiano são essenciais para formação de estruturas do cérebro fetal. Como os hormônios tireoidianos são necessários durante toda a gravidez, a deficiência de iodo afeta tanto a produção de hormônio tireoidiano materno quanto fetal, e a ingestão insuficiente de iodo pode levar a efeitos prejudiciais. As crianças cujas mães eram gravemente deficientes em iodo durante a gravidez podem apresentar cretinismo, caracterizado por profundo prejuízo intelectual, surdez e rigidez motora. A deficiência de iodo é a principal causa de défices intelectuais evitáveis em todo o mundo.
Mulheres com deficiência leve a moderada de iodo durante a gravidez têm um risco aumentado para o desenvolvimento de bócio e distúrbios da tireoide. A deficiência materna leve a moderada de iodo também tem sido associada a transtornos de déficit de atenção e hiperatividade em crianças, bem como distúrbios cognitivos.
Como há uma variação substancial diurna e diária na excreção urinária de iodo, as concentrações urinárias de iodo (UICs) não podem ser usadas para identificar indivíduos com deficiência de iodo. Esta medida só deve ser usada do ponto de vista populacional. Grupos de mulheres grávidas cujas UICs medianas são de 50 a 150 lg / L são definidas como deficiências de iodo leve a moderado. No Brasil o sal é iodado, porém está iodação vem sendo reduzida ao longo dos anos, levando a nossa população a ser classificada como tendo uma UICs a mediana de 138 lg / L. Porém isso varia por região e desta forma a população pode ser classificada com leve a moderada deficiente em iodo.
Em áreas de deficiência severa de iodo, a suplementação de iodo das mães antes da concepção ou no início da gravidez resulta em crianças com melhor desempenho cognitivo. Nas áreas de leve a moderada deficiência, os resultados da suplementação de iodo são menos claros, porém parece melhorar alguns índices maternos tireoideanos e pode beneficiar aspectos da função cognitiva em crianças em idade escolar.
A OMS recomenda a ingesta diária de 250 mcg para mulheres grávidas e lactantes. Desta forma, mulheres que estão planejando engravidar ou atualmente grávidas devem complementar sua dieta com um suplemento oral diário que contenha 150 mcg de iodo na forma de iodeto de potássio. Não há necessidade de iniciar a suplementação de iodo em gestantes em tratamento para hipertireoidismo ou em uso de LT4. A OMS afirma que a ingestão diária de iodo > 500 mcg/d pode ser excessivo na gravidez.