Tiroide e Fertilidade

A prevalência de distúrbios da tireoide em mulheres de 20 a 45 anos é alta, e a de subfertilidade está aumentando em todo o mundo, em parte devido à melhoria da conscientização e diagnóstico. Portanto, a parceira feminina em um casal subfértil apresenta alto risco de distúrbios concomitantes da tireoide. A prevalência de distúrbios da tireoide neste grupo de mulheres foi estimada entre 5 e 7% para hipotireoidismo subclínico (SCH), 2–4,5% para hipotireoidismo manifesto (OH), 0,5–1% para hipertireoidismo e 5– 10% para autoimunidade tireoidiana (AIT).

Estima-se que a subfertilidade afete entre 8 e 12% dos casais em idade reprodutiva em todo o mundo. A disfunção da tireoide pode ser causa direta de distúrbios menstruais e subfertilidade. Além disso, a disfunção da tireoide pode atuar indiretamente, alterando a secreção do hormônio liberador de gonadotrofina e outros hormônios como a prolactina.

A prevalência de auto-anticorpos contra tiroide é maior em mulheres com Síndrome de Ovários Policísticos (SOP), infertilidade ideopática, reserva ovariana diminuída e insuficiência ovariana prematura. Além disso, os níveis séricos de TSH são inversamente correlacionados com o hormônio anti-Mülleriano, um marcador da reserva ovariana.

A subfertilidade é uma doença do sistema reprodutivo definida pela falha em alcançar uma gravidez clínica após 12 meses, em mulheres com menos de 35 anos, ou após 6 meses, acima de 35 anos, em casais que mantem relações sexuais regulares desprotegidas.

De fato, as alterações menstruais estão presentes em 25-60% das mulheres com hipotirodismo clínico em comparação com apenas 10% em mulheres eutireoidianas. A relação da subfertilidade e hipotireoidismo subclínico, apesar de presente, esta menos bem estabelecida. Já o hipertiroidismo parece ter menos impacto sobre a fertilidade em si, apresentando menor incidência de anomalias menstruais. No entanto, geralmente está associado à maior risco de perda gestacional precoce se não for tratado adequadamente. E mesmo em mulheres eutiroideanas, a presença de auto-anticorpos tiroidianos apresenta impacto conhecido sobre a fertilidade. A doença autoimune da tiroide é a doença autoimune mais comum em mulheres na faixa etária reprodutiva e sua prevalência é estimada em cerca de 10%. A presença dos auto-anticorpos parecem ter impacto sobre a fertilização e qualidade embrionária mesmo em pacientes com função tiroideana normal.

Nos homens as doenças da tiroide são menos prevalentes e sua relação com a fertilidade masculina é menos conhecida. Tem sido relatado que 7,4% dos homens de casais subférteis podem apresentar hipotireoidismo clínico e 3,7% hipertireoidismo subclínico. Acredita-se que ambas as condições influenciem negativamente a fertilidade masculina. Anormalidades na morfologia e motilidade espermática são mais frenquentes em homens com hipo e hipertirodismo. Homens com hipertireoidismo subférteis comumente apresentam sintomas relacionados à diminuição da libido, aumento de estrogênios (ginecomastia), disfunção erétil e ejaculação precoce.

Desta forma, a investigação de doenças tiroideanas deve fazer parte da propedêutica do casal subfértil. E o tratamento das doenças tiróideanas tem um impacto positivo na fertilidade tanto feminina quanto masculina. Além disso, mulheres com hormônios tiroideanos normais e com anticorpos positivos, sobretudo aquelas que estão em tratamento de reprodução assistida, podem se beneficiar com o uso dos hormônios da tiroide.

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