O Hirsutismo é o crescimento excessivo de pêlos na mulher com distribuição típica de padrão masculino. Hirsutismo é a manifestação mais comum do hiperandrogenismo. Outros sinais clínicos de excesso de androgênio incluem acne, alopecia androgênica, aumento da oleosidade na pele e, menos frequentemente, sinais de virilização tais como aumento do clitóris, engrossamento da voz, diminuição do volume das mamas e aumento de massa muscular. Pode vir associado a distúrbios menstruais, infertilidade e alterações metabólicas. A presença do hirsutismo pode levar a consequências psicossociais significativas que influenciam negativamente na qualidade de vida.
O hirsutismo afeta cerca de 5% – 10% das mulheres em idade reprodutiva. Ele pode resultar do um ou mais dos seguintes fatores: aumento da produção de androgênio pelos ovários e/ou adrenais, aumento da sensibilidade dos pêlos aos androgênios circulantes, alterações relacionadas ao transporte e metabolismo dos androgênios ou ligação com os receptores androgênicos. Entre as causas inclui-se a síndrome dos ovários policísticos (a mais frequente), hiperplasia adrenal congênita de início tardio ou forma não clássica, síndrome de Cushing, síndrome de hiperandrogenismo com resistência insulínica e acantose nígricans (HAIR AN), tumores ovarianos ou adrenais secretores de androgênios, hiperprolactenemia, hirsutismo idiopático e o secundário ao uso de drogas androgênicas.
A história clínica, o exame físico (escore de Ferriman-Gallwey modificado) e a investigação laboratorial são fundamentais para a avaliação correta do hirsutismo. A história deve incluir o início e a progressão do aumento de pêlos, o padrão do ciclo menstrual, o início do aumento do peso, o uso de drogas androgênicas tais como esteróides androgênicos anabólicos, ácido valproico, ciclosporina, metirapona e danazol entre outras. Estas informações são fundamentais para guiar a investigação complementar. Exames de imagem como US pélvico, US abdominal, RNM de sela túrcica e tomografia de abdômen podem ser necessários. Como o hirsutismo pode ser um sinal de doenças potencialmente graves é necessária uma investigação minuciosa.
Nos casos que tenham uma causa estabelecida o tratamento correto levara a melhora do hirsutismo. Porém, muitos casos a causa não é clara e o tratamento se baseia em três pilares: reduzir a produção, a secreção, metaboliza e a ação dos andrógenos. Várias medicações podem ser utilizadas como anticoncepcionais, anti-androgênicos (Espironolactona/Ciproterona), medicações que bloqueiam a metabolização dos androgênios (Finasterida/Dusterida) e ainda os seus receptores. Nos casos de obesidade a redução do peso contribui de forma importante para reduzir a secreção e a ação androgênica contribuindo para melhora do hirsutismo.