Alguns hábitos de vida tem atrapalhado contribuído para a dificuldade que alguns casais encontram em engravidar. Dentre eles estão o tabagismo, consumo de álcool e drogas, estresse, maior número de parceiros (predisposição a DSTs) e a obesidade. A relação entre a obesidade feminina e o sucesso reprodutivo é complexa, entretanto os efeitos negativos da obesidade na reprodução humana são amplamente discutidos: atraso para concepção espontânea, maior prevalência de infertilidade feminina e masculina, de abortos naturais, pior resposta aos tratamentos de infertilidade, além da maior predisposição a complicações obstétricas (Diabetes gestacional, pre-eclampsia, tromboembolismo). Calcula-se que 38% da população feminina americana seja obesa e o Brasil se aproxima rapidamente desses números, já tendo mais de 22% de obesos e mais de 50% de sobrepesos.
As alterações nos esteroides sexuais parecem ser a principal causa da infertilidade feminina em pacientes obesas; entretanto, recentemente outros fatores vêm sendo relatados: metabólitos ovarianos, expressão gênica, qualidade de oócitos e embriões. Notavelmente, o estresse oxidativo, a inflamação e a resistência à insulina são mediadores comuns desses efeitos. A obesidade também é um importante fator agravante no desenvolvimento da síndrome do ovário policístico (SOP). O hiperandrogênio e a resistência à insulina em mulheres com SOP foram associadas a uma taxa metabólica basal reduzida, promovendo ainda mais o ganho de peso. O resultado é que teremos um aumento de casos de infertilidade entre as mulheres e homens, principalmente em países desenvolvidos. A estimativa é que esse número aumentará em 20% o número de casais que precisarão recorrer a tratamentos de reprodução assistida.
A associação entre obesidade e subfertilidade parece estar relacionada, ao menos parcialmente, com a redução da frequência das ovulações. A SOP é uma causa comum de infertilidade por fator ovulatório que acomete de 5 a 7% das mulheres, com frequente associação com índice de massa corpórea ≥25 kg/m2 (sobrepeso ou obesidade). Existe uma interação complexa entre obesidade e SOP, sendo a anovulação mais comum nas mulheres com SOP obesas (>50% das pacientes com SOP) que nas portadoras de SOP não-obesas. Diversos fatores são relevantes para o entendimento da complexidade entre obesidade e SOP: a insulina, o sistema de fatores de crescimento, o sistema opioide, estrogênios e diversas citocinas, particularmente a leptina, que tem sido extensivamente estudada. Nos ovários, a insulina age sinergicamente ao hormônio luteinizante (LH) e estimula a esteroidogênese pelas células tecais e pela granulosa. Além disso, a insulina parece aumentar a sensibilidade hipofisária ao hormônio liberador das gonadotrofinas (GnRH). O que poderia afetar adversamente a maturação folicular.
Uma dieta saudável, exercícios regulares e perda de peso são as principais armas para melhorar a saúde, a fertilidade e reduzir os riscos obstétricos. O ideal é que cada caso seja individualizado. Quando possível à mulher obesa deve ser estimulada a perda de peso antes de iniciar um tratamento. Calcula-se que as chances de concepção são reduzidas em 8 a 16% em casos de sobrepeso e em 18 a 34% em obesidade. Assim a perda de peso auxilia na regularização de ciclos e aumenta as chances de gravidez. O ideal é planejar bem a perda de peso com as necessidades da paciente e lembrando que mesmo um pequeno emagrecimento ajuda.