A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é distúrbio no eixo endócrino-reprodutor, caracterizado por aumento dos andrógenos (testosterona, androstenediona, SDHEA), irregularidade menstrual e morfologia policística ao Ultrassom. Antes de fazer o diagnóstico, contudo, é necessário excluir outras doenças endócrinas que podem ter características semelhantes como Hipotirodismo, Hiperplasia adrenal congênita, Sindrome de Cushing e Acromegalia. Sua prevalência varia entre 6 a 10% da população feminina durante o período reprodutivo.
Os principais sinais e sintomas são causados pelo aumento dos androgênios. Estes hormônios são produzidos nas glândulas Supra-renais e nos ovários e o mais conhecido deles é a testosterona. Os androgênios em excesso aumenta a oleosidade da pele, levam a aumento de pêlos (hirsutismo), acne e em casos graves pode ocorrer engrossamento da voz e aumento do clitores. Eles também levam a resistência a insulina e colaboram com a anovulação, que leva a intervalo aumentado entre os ciclos menstruais (> 40 dias) ou a ausência de menstruação, que chamamos de amenorreia. A irregularidade menstrual também decorre de uma alteração na forma de secretar FSH e LH, que são os hormônios que regem o ciclo menstrual, com a perda característica de sua ciclicidade.
Mulheres com SOP têm maior risco de desenvolver anormalidades reprodutivas e metabólicas, incluindo infertilidade, aumento de triglicerídeos, síndrome metabólica e diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Embora a resistência à insulina e a obesidade sejam comumente encontradas em mulheres com SOP, elas não fazem parte dos critérios diagnósticos. A SOP é a principal causa de ausência de ciclos menstruais em mulheres no período reprodutivo, decorrente da ausência da ovulação. Por este motivo, a SOP pode levar a dificuldade de engravidar e é o principal motivo de infertilidade de causa ovulatória.
O diagnóstico nem sempre é simples de ser concluído e é estabelecido na presença de pelo menos dois dos três critérios: a) história clínica de irregularidade menstrual e/ou amenorreia; b) sinais clínicos ou laboratoriais de aumento de androgenos; c) presença de ovários policísticos por ultrassom. Outros problemas endócrinos precisam ser excluídos.
O tratamento depende das queixas e objetivos da paciente e do surgimento de comorbidades como resistência insulínica e obesidade. Nas mulheres que desejam a gravidez, deve-se induzir a ovulação. As mulheres que não tem desejo imediato de engravidar o tratamento baseia-se em uso de contraceptivos e medicações que reduzam os andrógenos. Todas as pacientes que estiverem acima do peso devem ser incentivadas a perder peso e fazer exercícios físicos. Medicação para reduzir resistência insulínica podem ser utilizadas, caso necessário, a mas conhecida delas é a Metformina. As pacientes com SOP tem mais risco de desenvolver síndrome metabólica e precisam ser incentivadas a modificar o estilo de vida. O hirsutismo pode ser tratado com medicações antiandrogenicas, como a Espironolactona e a Ciproterona, e com terapias físicas como depilação e laser.