Obesidade e Sobrepeso

É fundamental avaliar as causas que levaram ao excesso de peso, bem como investigar possíveis morbidades associadas. A etiologia da obesidade é complexa e multifatorial, resultando da interação de genes, ambiente, estilos de vida e fatores emocionais.

INFLUÊNCIA DO AMBIENTE E DO ESTILO DE VIDA

O ambiente moderno é um potente estímulo para a obesidade. A diminuição dos níveis de atividade física e o aumento da ingestão calórica são os fatores determinantes ambientais mais fortes. O balanço energético pode ser alterado por aumento do consumo calórico, pela diminuição do gasto energético ou por ambos. Nas últimas décadas, a população está aumentando o consumo de alimentos com alta densidade calórica, alta palatabilidade, baixo poder sacietógeno e de fácil absorção e digestão. Estas características contribuem para o desequilíbrio energético.

Várias fases da vida, podem influenciar o ganho de peso, como a fase intrauterina, o peso de nascimento, a amamentação, a fase de rebote do peso no período de aumento do peso que ocorre entre os 5 e 7 anos de idade e a fase puberal. Múltiplas gestações e ganho de peso excessivo durante a gestação e falta de perda de peso após o parto são importantes preditores de obesidade em longo prazo. Um maior ganho de peso após a menopausa está relacionado à idade e ao estilo de vida. O casamento pode influenciar o ganho de peso, principalmente em mulheres. Interromper a prática de esportes e diminuir o gasto energético diário são mecanismos influenciadores de ganho de peso, o que pode estar ligado a início da vida profissional e falta de tempo.

PAPEL DA GENÉTICA

A obesidade comum tem herança poligênica. Nem todos os indivíduos ganham a mesma quantidade de peso quando expostos a dietas hipercalóricas. São fatores indicadores de influências genéticas na obesidade, como o início precoce e marcante da obesidade na infância ou adolescência. O risco de desenvolvimento de obesidade é maior na presença de história familiar de obesidade grave.

A obesidade é uma das manifestações descritas em 24 doenças mendelianas, como, por exemplo, a síndrome de Prader-Willi, e em nove tipos de doenças monogênicas não mendelianas, todas causando obesidade precoce na infância.

EFEITO DO ESTRESSE NO APETITE

Sintomas de estresse, tais como ansiedade, depressão, nervosismo e o hábito de se alimentar quando problemas emocionais estão presentes são comuns em pacientes com sobrepeso ou obesidade, sugerindo relação entre estresse, compulsão por comida palatável, transtorno de compulsão alimentar e obesidade. O estresse pode ser uma consequência da obesidade devido a fatores sociais, à discriminação e, alternativamente, a causa da obesidade.

IATROGENIA FARMACÊUTICA

Muitos medicamentos utilizados para tratamento de condições outras além da obesidade podem contribuir para aumento de peso ou para exacerbação do ganho de peso em indivíduos suscetíveis. Muitas destas condições que estão sendo tratadas também podem estar associadas com a obesidade.

REDUÇÃO DE SONO E DE PRODUÇÃO DE MELATONINA

Privação do sono provoca diminuição da secreção de leptina e TSH, aumento dos níveis de grelina e diminuição da tolerância à glicose em animais e em seres humanos, incluindo aumento da fome e do apetite. Estas mudanças são consistentes com a privação de sono crônica levando ao aumento do risco de obesidade.

A melatonina é responsável, em parte, pela distribuição dioturna de processos metabólicos para que a fase de atividade alimentar esteja associada com alta sensibilidade à insulina durante o dia. A redução na produção de melatonina, tal como durante o envelhecimento, o trabalho em plantões e turnos ou ambientes cada vez mais iluminados durante a noite induz a resistência à insulina, intolerância à glicose, perturbações do sono, e a desorganização circadiana metabólica caracteriza um estado de cronoruptura que leva à obesidade.

DISRUPTORES ENDÓCRINOS

Disruptores endócrinos (DEs) são substâncias produzidas industrialmente que podem afetar a função endócrina e incluem diclorodifeniltricloroetano, alguns bifenóis policlorados e alguns alquilfenóis. Por perturbar a regulação hormonal endógena, os DEs podem causar ganho de peso através de múltiplas vias.

AMBIENTE TERMONEUTRO

Há evidências de que ficar mais tempo na zona termoneutra promove adiposidade ou teoria de termoneutralidade. A zona de termoneutralidade (ZTN) é o intervalo de temperatura ambiente em que o gasto de energia não é necessário para homeotermia.

DIMINUIÇÃO DO TABAGISMO

A nicotina tem efeitos termogênicos e redutores do apetite e seus efeitos sobre o apetite são reforçados pela cafeína. As taxas de tabagismo entre adultos diminuiram de forma constante durante as últimas décadas.

AUMENTO DA IDADE DAS GRÁVIDAS

O risco de obesidade na criança aumenta em cerca de 15% para cada incremento de 5 anos na idade materna. Há evidências de que as mães estão engravidando mais tarde e que isso está levando a maior risco de obesidade na descendência.

DOENÇAS ENDOCRINOLÓGICAS

Várias doenças endocrinológicas estão associadas a ganho de peso como Síndrome de Cushing, Acromegalia, Hipotirodismo, Diabetes Mellitus, Hiperprolactinemia entre outras. Devem ser investigadas e excluídas e/ou tratadas, sobre tudo no paciente com ganho de peso recente e rápido.

Principais Sociedades da Endocrinologia